quarta-feira, 12 de outubro de 2016

1ª Feira de Vinhos - Itu/SP


O blog O Mundo e o Vinho esteve presente, no dia 08/10/2016, em Itu, cidade histórica do interior paulista, para prestigiar a 1ª Feira de Vinhos realizada na cidade.

A organização ficou a cargo da Destino Caipira e pela PROTUR, no Espaço Fábrica São Luiz, a cargo do sommelier Wagner Fioravanti. Segue abaixo a relação dos expositores presentes:

- Casa Perini;
- Edouro;
- Grand Cru;
- Casa Vidigal;
- Vinhos Capoani;
- Fazenda Atalaia - Queijos;
- Excelência Vinhos;
- Vinho e Ponto;
- Pizzato;
- Chozas Carrascal;
- Cantu;
- Lusitano Import;
- P&F Wineries;
- Queijaria Bonanni - Queijos;
- Zahil.

O blog conferiu praticamente todos os rótulos apresentados e, em sua opinião, merecem atenção os seguintes rótulos:

- Casa Perini Quattro - Destaque da Feira;
- Casa Perini Solidário;
- Casa Perini Espumante Brut - Destaque da Feira;
- Señorio de Orgaz;
- Visconde de Borba 2009 - Alentejo - Destaque da Feira;
- Capoani Merlot / Tannat;
- Casa Diego Syrah;
- Las 2ces Crianza;
- Embocadero 2010;
- Cobos Felino Malbec;
- Alta Vista Classic Malbec;
- Gloria - Castas Portuguesas - Destaque da Feira;
- Animus - Castas Portuguesas - Destaque da Feira.

Em conversa com Wagner, que estava bastante contente com o evento, "a expectativa é que a Feira traga as pessoas para conhecer também a cidade e aproveitar o que ela tem a oferecer em turismo". Ainda segundo Wagner, a idéia é que "o evento ocorra anualmente", ajudando a alavancar o turismo histórico oferecido pela cidade e incluir a cidade na rota dos enoeventos.


Fotos do evento:























domingo, 9 de outubro de 2016

Produtores - Santa Rita







            Chateaux. Domaines. Tenuttas. Quintas. Bodegas. Weinguts. As denominações são várias, mas todas são utilizadas para designar propriedades produtoras de vinho, em geral localizadas no continente europeu. São construções quase sempre centenárias, algumas com participação na história de seus países, ou pertencentes à personalidades reputadas em algum momento de sua existência. Porém é possível encontrar muita história também nas propriedades distantes do Velho Mundo: algumas, decisivas para a independência de sua própria nação. Caso da vinícola Santa Rita.

           




O Produtor




Vinhedo de Cabernet Franc, Viña Santa Rita, Valle do Maipo, Chile.





            A história da Viña Santa Rita remonta antes mesmo de sua efetiva fundação, em 1880. Antes uma propriedade agrícola chamada “Hacienda de Paine”, era administrada por Paula Jaraquemada, no início do século XIX.  






Paula Jaraquemada.






            Os países latino-americanos viviam os conturbados dias que precederiam à sua independência, e a luta no Chile foi bastante encarniçada. Iniciado em 1810, o movimento aproveitou-se do momento tumultado de sua metrópole – a Espanha – que vivia sua “Guerra Peninsular”, tentando libertar-se do jugo de Napoleão Bonaparte, que governava o país através do seu irmão José. No entanto, por volta de 1814, a Espanha já havia restabelecido sua autonomia, e retomara a luta pelo controle de suas colônias.




Quadro retratando batalha ocorrida na “Guerra Peninsular”, ocorrida entre 1807 e 1814.




            Em 1814, um grupo de soldados do movimento de independência, após a Batalha de Rancágua, procurou abrigo e refúgio na Hacienda de Paine. Paula, defensora do movimento e ciente da proximidade dos espanhóis, protegeu os 120 soldados no porão da sede da fazenda, salvando suas vidas. Não à toa, uma das principais linhas da Santa Rita é o rótulo 120, em alusão aos soldados.





Ilustração do início do século XIX representando Paula Jaraquemada sendo interrogada por soldados da Coroa Espanhola, em busca dos 120 soldados pró-independência.





            A independência do Chile foi obtida em 1818, e a “Hacienda” viveu dias tranquilos a partir de então. Os anos se passaram e, em paralelo, no ano de 1880, o empresário chileno Domingos Fernández Concha fundara a Viña Santa Rita; enófilo convicto, deu início ao cultivo de cepas viníferas internacionais na região, próxima à Hacienda de Paine. Naturalmente, o Chile é um país bastante afortunado: possui proteções em seus limites contra pragas como a filoxera – pulgão que provocara enorme devastação nas vinhas ao redor do mundo, àquela época – possui a Cordilheira dos Andes como fonte de água puríssima para o ciclo de vida da videira, bem como diversos microclimas, muitos semelhantes aos europeus. Para Domingos, no entanto, isso não era suficiente: trouxe enólogos renomados e utilizou técnicas ainda incomuns para o plantio e vinificação no país. O resultado foram vinhos que possuiam qualidade superior aos demais produtos chilenos.






Domingo Fernández Concha (1838-1910), fundador da vinícola.





            Durante o século XX, a vinícola mantivera boa reputação nacional e internacional, porém era necessário dar um passo adiante: as técnicas de viticultura e vinificação, os estudos sobre o clima e solo tornaram-se muito importantes. A vinícola, que primara pelo pioneirismo em técnicas no século anterior, estava apoiada em bases e uma filosofia bastante tradicional. O passo foi dado somente em 1980: uma joint-venture entre o grupo chileno Claro e a estadunidense Owens Illinois adquirira a vinícola, e iniciou uma revolução em seus processos produtivos. A partir de 1985, aumenta expressivamente a participação da vinícola no mercado internacional e, dois anos depois, adquire a marca Carmen, de grande prestígio.

            O impulso dado pelo maior volume de exportações e o reconhecimento da crítica especializada à qualidade dos vinhos permitiu à Viña Santa Rita ampliar seus vinhedos pelas diversas regiões do Chile, muitas ainda a serem exploradas, naquela época: surgiram vinhos produzidos no Valle do Rapel, Casablanca e Apalta, entre outras regiões. Em meados dos anos 1990, Ricardo Claro Valdés, então único proprietário da vinícola – o grupo Owens Illinois deixara o negócio – adquirira a antiga Hacienda de Paine – rebatizada de Hacienda Santa Rita, que tornaria-se a principal sede da vinícola, berço dos principais rótulos da Santa Rita.


            Atualmente a vinícola é uma das maiores do país, com milhares de hectares espalhados pelas principais regiões do Chile, possui sociedade com a argentina Viña Doña Paula e marcante penetração nos mercados internacionais, inclusive o Brasil. Em sua sede no Valle do Maipo, há um importante museu – Museo Andino – que possui excepcional coleção de artefatos, objetos e registros históricos e pré-históricos dos povos pré-colombianos no Chile, bem como uma infra-estrutura excepcional, voltada ao enoturismo. Estando muito próximo à cidade de Santiago, tornou-se naturalmente um dos principais pontos turísticos visitados do país.







A Hacienda de Paine – atual Hacienda Santa Rita – nos dias de hoje.





O antigo porão onde os soldados pró-independência se esconderam na Hacienda de Paine tornou-se o espaço para degustação dos vinhos da Santa Rita, atualmente.







Entrada do Museo Andino, que contém importante acervo pré-colombiano.







Santa Rita.






Degustação – Vinhos Santa Rita




            O Mundo e o Vinho esteve na vinícola Santa Rita no mês de Junho/2016 – sede de Alto Jahuel, Valle do Maipo, onde, além de comprovar a riqueza histórica e o cuidado da vinícola em sua produção, teve a oportunidade de degustar os vinhos abaixo:






Vinho Degustado: Santa Rita Reserva Sauvignon Blanc 2015






Análise Visual:


Límpido e de intensidade baixa em sua coloração, apresentou borda incolor e núcleo amarelo palha;



Análise Olfativa:

            Aromas apresentando alta intensidade, primários, contendo abacaxi e pimentão em profusão, bem como o característico herbáceo desta cepa;


Análise Gustativa:

            Seco e de acidez equilibrada, sabor intenso de abacaxi e muito herbal. Corpo médio, álcool idem; persistência média para alta na boca.


Considerações Finais:

            Um típico Sauvignon Blanc do Novo Mundo, bastante vivo e agradável: pronto para beber. Ostras, petiscos à base de frutos do mar como sugestões de harmonização ou mesmo solo.


Pontuação: 89 FRP





Vinho Degustado: Santa Rita Reserva Carmenere 2013






Análise Visual:


Límpido e de intensidade média para alta em sua coloração, apresentou borda rubi e núcleo rubi escuro na taça;



Análise Olfativa:


            Aromas apresentando média intensidade, secundários, com muito defumado, frutas negras maduras e baunilha;



Análise Gustativa:


            Seco, possui acidez média e taninos médios para baixos; sabor de intensidade média, defumado e frutas maduras. Elegante no corpo e no álcool, bem integrados, de ótima persistência, de média para alta;



Considerações Finais:


            Um bom Carmenere, com evolução por mais 4 anos, elegante e correto. Um pernil assado ou risoto piemontês são sugestões de harmonização.



Pontuação: 92 FRP






Vinho Degustado: Santa Rita Medalla Real Gran Reserva Cabernet Sauvignon 2012





Análise Visual:


Límpido e de intensidade alta, apresenta borda rubi e núcleo rubi escuro;



Análise Olfativa:


            Aromas de média intensidade, secundários, contemplando cedro, eucalipto e chocolate amargo;



Análise Gustativa:


            Seco e de acidez média, taninos médios para altos, sabor intenso remetendo a chocolate amargo e frutas negras. Encorpado e de alcool equilibrado, muito persistente.



Considerações Finais:


            Fino, em franca evolução e imponente: um típico grande vinho chileno. Pode evoluir entre 8 e 10 anos. Cortes bovinos suculentos e macios, aves de carne delicada e cordeiro assado são boas companhias para este belo vinho.



Pontuação: 94 FRP





Fontes:


Viña Santa Rita: